Nunca fui de escrever
diários, na verdade nunca consegui escrevê-los. O meu dia-a-dia sempre me
pareceu tão banal em si mesmo que não valia a pena relatá-lo, mas uma coisa
sempre me apaixonou: brincar de criar histórias onde eu ou você pudéssemos ser
qualquer um, herói ou vilão e com isso me apaixonei também pelas palavras, pela
construção frasal rebuscada e sem nexo que borbulhava em minha língua como
champanhe.
E, sem que percebe-se foram
cadernos inteiros de poesias, contos, crônicas e histórias reais ou
fantásticas, muitos deles incompletos... Outros tantos completos, que, porém,
pareciam nunca estar completamente terminados. Hoje, anos depois que pela
primeira vez rimei versos ou que criei personagens, junto a melhor parte de
tudo que já escrevi e vejo o diário que nunca consegui concluir.
Cada conto ou poesia aqui
revelado narra a trajetória da minha adolescência nem um pouco distante, narra os problemas,
rebeldias, modas, fases, pensamentos e a, ainda não contada, história dessa
gente que teve de crescer na primeira década do século, que viu guerras tolas
pela TV, vírus incontroláveis varrerem o mundo e teve que aprender a lidar
consigo mesmo.
Nem todos de nós passamos
pelos anos 2000 do mesmo jeito, mas acabamos sobrevivendo à ele e à nós mesmos;
como toda geração nos surpreendemos com a chegada da liberdade e
responsabilidade que a vida universitária acarreta, mas continuamos caminhando
a fim de nos tornarmos adultos, tal qual o Pedro de um dos meus contos, e ficarmos
obsoletos como os nossos pais. Afinal uma nova geração cresce por aqui e está
criando suas próprias histórias, pena que só iremos reconhecê-las quando eles
já tiverem passado.
Bem-vindos ao meu mundo.
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